Agricultura de precisão é um assunto de grande interesse para a atividade no campo.
Ele nos mostra que o mundo digital chegou com força nas lavouras, trazendo máquinas com GPS, drones, sistemas de monitoramento e equipamentos autônomos.
Tudo faz parte do de um sistema que busca melhorar a produtividade e fazer a melhor gestão de recursos agrícolas.
Não por acaso, os esforços nesse sentido são cada vez maiores entre os produtores rurais.
Um estudo da Berg Insight destacou que o mercado global de agricultura de precisão alcançou o patamar de 2,2 bilhões de euros em 2016 e que, até 2021, chegará aos 4,2 bilhões.
Ou seja, com um crescimento anual próximo dos 13,6%.
Diante dessa realidade, quem já está ou deseja atuar no agronegócio tem o compromisso de se aprofundar no tema.
Neste artigo, vamos explicar o que é agricultura de precisão, para que serve, vantagens e desvantagens e muito mais.
Este é um guia completo sobre tecnologia e produtividade no campo.
Então, não perca uma só linha a partir de agora.
Boa leitura!
O que é agricultura de precisão?
A agricultura de precisão é um sistema de manejo que utiliza equipamentos e tecnologias para avaliar e acompanhar de forma precisa as condições das lavouras.
Ele considera que cada pedaço da terra possui solo, clima, relevo e plantas diferentes.
Com esses dados, contribui para aproveitar da melhor forma cada área de plantio.
Também conhecida pela sigla AP, tem por objetivo alcançar um gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola, envolvendo todos os seus processos, não apenas a aplicação de insumos ou a realização de mapeamentos.
A agricultura de precisão utiliza a tecnologia para minimizar os impactos e os desperdícios da atividade agrícola e maximizar os ganhos, não apenas financeiros, mas também ambientais.
Isso porque ela auxilia os produtores, provendo dados e estatísticas que ajudam a estabelecer as condições ideais para o cultivo de cada espécie.
Por exemplo, a partir de seus esforços, é proposta a dosagem ideal dos insumos agrícolas para cada uma delas, de acordo com suas especificidades.
Ou seja, representa uma forma de gerir a área produtiva metro a metro, levando em conta que cada pedaço possui características e propriedades únicas.
A partir daí, a agricultura de precisão permite a aplicação dos insumos no local correto, no momento adequado e nas quantidades necessárias para cada uma delas.
Qual a base da agricultura de precisão?
Para que a agricultura de precisão promova eficiência operacional e consiga trazer uma maior produtividade e lucratividade para o produtor, é essencial analisar a variabilidade das áreas.
São esses dados que irão possibilitar a criação dos mapas de produtividade – a base do sistema.
Sem isso, pouco adianta investir em tecnologias e equipamentos de última geração.
Como vimos antes, a AP utiliza de dados e informações da área produtiva, mas, para isso, é importante que o agricultor conheça a sua área de plantio.
É exatamente o que esses mapas trazem.
Eles são uma representação gráfica das áreas de cultivo, trazendo as informações sobre a produtividade de cada uma delas.
Nos mapas, estão as análises dos tipos de solo, atributos químicos, vegetação e histórico de uso.
São esses dados que permitem utilizar cada área de acordo com suas potencialidades e necessidades.
Para o que serve a agricultura de precisão?

O principal objetivo da agricultura de precisão é melhorar a eficiência produtiva e o manejo agrícola.
Por meio da identificação das características de cada região do campo, o sistema possibilita uma melhor distribuição dos insumos.
Além disso, a AP serve também para minimizar a contaminação dos solos das áreas produtivas, otimizar o potencial produtivo e melhorar a qualidade ambiental.
Isso ocorre porque leva em consideração os principais aspectos da lavoura, que são:
- Solo: necessidade de adubo, correção de pH, área produtiva, etc.
- Fertilizantes: tipos de adubos necessários e a quantidade a ser utilizada
- Produtividade: produção por hectare
- Ervas daninhas: tipos de folhagens intrusas nas plantações
- Doenças: quais podem atingir a área e o tipo de cultura da região
- Pragas: controle de insetos que prejudicam a lavoura.
É dessa forma, como já destacado, que a agricultura de precisão permite uma maior eficiência, o que gera menor custo e aumento da produtividade.
Agricultura de precisão: vantagens e desvantagens
Como todos os sistemas, a agricultura de precisão também possui vantagens e desvantagens.
Dentre os benefícios da sua utilização, podemos destacar a melhor eficiência produtiva e, consequentemente, um aumento na produtividade – o que citamos a pouco como os seus objetivos.
Mas, não é apenas isso.
A agricultura de precisão traz outras vantagens para o produtor rural.
Entre elas, estão as seguintes:
- Melhoria na tomada de decisões
- Economia de insumos
- Visualização detalhada da propriedade
- Maior gestão do campo
- Maior eficiência das atividades agrícolas
- Uso consciente de recursos
- Redução de custos.
Já as desvantagens ficam por conta da baixa acessibilidade à internet no campo.
Esse é um problema pontual, de grande impacto atualmente, mas sobre o qual reside expectativa de solução com o avanço da tecnologia e infraestrutura.
Além disso, um dos maiores desafios está na escassez de profissionais especializados na implementação e acompanhamento dessas soluções.
A dificuldade na troca e compartilhamento de conhecimentos sobre as tecnologias também é uma das principais barreiras para a difusão da agricultura de precisão no país.
Mas o cenário é de otimismo.
Espera-se que, nos próximos anos, o acesso às ferramentas e equipamentos da agricultura de precisão esteja mais fácil.
Recentemente, o governo brasileiro liberou incentivos para que produtores rurais conseguissem empréstimos a juros mais baixos para implementar novas tecnologias.
E o crescimento do mercado de startups, como veremos mais para frente, também deve ampliar o acesso a softwares e outras inovações.
Quais equipamentos são utilizados na agricultura de precisão?

O uso de ferramentas adequadas na agricultura de precisão contribui de forma direta na diminuição das perdas e no bom uso dos insumos e recursos.
São elas que permitem a captação de dados sobre as propriedades do solo, necessidades de irrigação, aplicação de defensivos, utilização de adubo, entre outros.
Veja a seguir quais são os principais equipamentos da AP.
1. GPS
Associa as informações de latitude e longitude de cada subdivisão da área agrícola.
É o GPS que oferece a informação do local exato no qual deve ser realizada uma intervenção para sanar algum problema – erva daninha, praga ou doença, por exemplo.
Além disso, o equipamento realiza o levantamento de dados e sua tabulação para garantir a aplicação dosada e localizada dos insumos.
Normalmente, são acoplados a máquinas agrícolas, como colheitadeiras e semeadoras.
2. Barra de luzes
É como um computador de bordo que direciona a máquina de lavoura por meio de um GPS.
Ele é composto por um sistema de luzes LED que muda de cor para informar a situação do processo.
Ou seja, a alteração na cor da iluminação indica se o veículo está se movimentando de acordo com o alinhamento programado.
É um equipamento que ajuda a manter a máquina no percurso definido para auxiliar o operador em sua atividade.
Com isso, permite maior exatidão na aplicação de defensivos agrícolas, diminuindo o desperdício de insumos e reduzindo a taxa de sobreposição entre as passadas.
3. Piloto automático
Por meio de um GPS, sensores, acelerômetro e válvulas eletro-hidráulicas, o piloto automático é um equipamento que serve para otimizar o trabalho do produtor rural.
Ao utilizar módulos que automatizam o direcionamento das máquinas durante a operação, ele permite maior precisão na aplicação de defensivos na lavoura e também agilidade para a realização de manobras, reduzindo o cansaço do operador e aumentando a sua segurança.
Outra vantagem é que o piloto automático possibilita a otimização da janela de plantio, pois aumenta as horas de operação, já que pode trabalhar durante a noite.
Além disso, reduz custos, minimiza falhas e repasses e economiza químicos e combustível.
4. Pulverizadores
Esse é o equipamento responsável por distribuir os produtos agroquímicos, fertilizantes ou nutrientes, de maneira uniforme nas lavouras.
Implica na aplicação do líquido corretamente e na quantidade certa, nos locais desejados.
Para tanto, eles possui bicos de pulverização.
A aplicação dos defensivos por meio dos pulverizadores é de extrema importância na lavoura, pois são eles os responsáveis pelo controle de doenças e pragas na plantação.
5. Sensores
Os sensores são os principais equipamentos da agricultura de precisão.
Por possuírem diversas funções, eles podem trazer vários dados para o produtor, como temperatura, velocidade dos ventos, informações do solo e umidade do ar.
São equipamentos que contam com câmeras especiais para identificar, por meio de espectros infravermelhos, aquelas informações que o olho humano não consegue captar.
Eles podem ser remotos (estar em aviões ou satélites) ou de solo, para fornecer dados sobre a sua composição, nitrogênio, compactação, salinidade e pH.
Além disso, existem sensores que conseguem avaliar a saúde da planta, em qual estágio de desenvolvimento ela está, dados sobre a sua hidratação, entre outras informações.
Também estão disponíveis os sensores de altura que permitem a detecção da topografia do terreno e o ajuste automático das barras dos pulverizadores em áreas irregulares.
Quais são as etapas da agricultura de precisão?

A agricultura de precisão consiste, basicamente, de três etapas: coleta de dados, planejamento do gerenciamento e aplicação localizada de insumos.
Vamos trazer detalhes sobre cada fase agora.
1. Coleta de dados
Nesta etapa, o objetivo principal é coletar informações para identificar as características de cada uma das áreas produtivas (solo, relevo, ervas daninhas, pragas, entre outros), além da produção que já acontece nela.
Nesse momento, é realizado o mapa de produtividade da colheita, que, como já vimos, é a base da agricultura de precisão.
Com esses dados em mãos é que se inicia a segunda etapa da AP: o planejamento do gerenciamento.
2. Planejamento do gerenciamento
Com as informações do mapa de produtividade da colheita, é possível avaliar a variabilidade e os fatores de produção para propor a melhor estratégia de gerenciamento agrícola e criar os mapas de aplicação dos insumos.
É também nessa etapa que se realizam as análises das amostras de solo e das ervas daninhas.
Com esses dados, o agricultor poderá produzir os mapas de produtividade e fertilidade que trazem dados como:
- Ocupação das ervas daninhas
- Fertilidade
- Umidade do solo
- pH
- Estrutura e drenagem do solo
- Densidade das plantas
- Área em metros quadrados.
A partir do mapa, é realizado um diagnóstico de cada parte da lavoura.
Após a análise e interpretação de todos o material produzido e dados coletados, é hora de montar o mapa para aplicação localizada dos insumos.
São eles que indicarão qual insumo, em qual quantidade e em que posição deverá ser aplicado.
3. Aplicação localizada dos insumos
Por último, com o mapa de aplicação localizada de insumos pronto, chega o momento de utilizar as máquinas para colocá-lo em prática.
Elas serão as responsáveis por aplicar, de forma automática e controlada, os insumos nas áreas agrícolas, levando em conta os dados coletados nas etapas anteriores.
Como vimos anteriormente, essas máquinas possuem controles inteligentes para distribuição dos insumos, que podem ser sementes, pesticidas, fertilizantes, corretivos ou defensivos.
O ciclo da agricultura de precisão
A agricultura de precisão acontece em três etapas principais , como acabamos de ver.
Mas o seu ciclo deve ser recorrente.
Após a última etapa, tudo deve ser iniciado novamente para que os dados sejam atualizados e a aplicação dos insumos aconteça de forma ainda mais certeira e eficiente.
Por isso, em resumo, podemos dizer que o ciclo completo da agricultura de precisão acontece da seguinte forma:
- Realização da colheita com máquinas equipadas com sensores e receptores GPS
- Análise dos dados obtidos na colheita para confecção do mapa de produtividade
- Análise do solo e outros fatores para buscar as causas principais da variação de produtividade em cada área de plantio
- Criação do mapa de aplicação localizada de insumos de acordo com os dados obtidos e os resultados das análises
- Aplicação de fertilizantes e micronutrientes de acordo com a localização
- Plantio levando em conta o potencial produtivo de cada região analisada
- Mapeamento de ervas daninhas, doenças e pragas
- Aplicação de produtos químicos de acordo com a necessidade de cada região de lavoura
- Realização da colheita e início de um novo ciclo de agricultura de precisão.
Tudo isso permite que seja criado um histórico da lavoura, além de trazer dados novos e análises cada vez mais confiáveis.
A agricultura de precisão nas empresas

A agricultura de precisão tem crescido e se difundido pelo país.
Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indica que 53% dos proprietários e administradores rurais já utilizam a AP em suas propriedades.
Isso ajuda a explicar o grande investimento de empresas já consolidadas no mercado, como a CHN Industrial e a John Deere, em maquinários voltados especificamente para a agricultura de precisão.
Com a perspectiva de crescimento do mercado, muitas novas empresas estão surgindo no Brasil, principalmente startups, que agregam ainda mais tecnologia para alcançar a máxima eficiência.
As chamadas AgTechs, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), já representam 3,94% do setor de startups no Brasil.
São empresas que surgem trazendo inovação e criatividade para atender às demandas de AP, buscando soluções que vão desde a aplicação de ferramentas de gestão, ao uso de drones na pulverização de insumos até o sensoriamento remoto para irrigação.
Quais as características da agricultura de precisão?
Ao longo da leitura, foi possível perceber algumas das principais características da agricultura de precisão, mas cabe fazer destaques.
Controle e monitoramento é a principal delas.
A AP permite que tais tarefas sejam realizadas de forma mais apurada e eficiente, o que nos leva à segunda característica: a automatização.
Com a utilização de tecnologias e equipamentos, a agricultura de precisão permite a realização de um maior número de tarefas com mais eficiência e em menos tempo.
Tudo isso faz com que se diminuam os erros e se tenha uma maior precisão na coleta de dados e informações.
Por último, uma importante característica da agricultura de precisão é a mobilidade.
O uso de drones, câmeras e mecanismos de automação permite que o produtor tenha controle em tempo real da sua fazenda de qualquer lugar do mundo.
Os drones na agricultura de precisão

A utilização de drones na agricultura tem se tornado cada dia mais comum e, na AP, isso não seria diferente.
São equipamentos que ajudam a mapear e coletar diversas informações sobre a lavoura, como:
- Saúde da vegetação
- Ataque de pragas
- Levantamentos planialtimétricos
- Criação de modelos digitais de terreno (MDT)
- Curvas de nível
- Georreferenciamento de imóveis
- Medição da área produtiva.
Além disso, os drones também podem ser utilizados para realizar a pulverização de lavouras com fertilizantes e inseticidas.
Qual o kit mínimo exigido para a agricultura de precisão?
Para começar na agricultura de precisão, não é necessário um alto investimento.
O primeiro passo deve ser verificar se existe uma variabilidade muito grande de terreno e qual a expectativa de retorno econômico.
Tudo depende da forma de trabalho que o agricultor deseja implementar e do tamanho da área.
Mas, para começar, o kit mínimo para poder criar os primeiros mapas de produtividade e fertilidade consiste em:
- Um equipamento GPS para realizar o mapeamento da área
- Um amostrador para fazer a coleta de solo
- Um software de geração de mapas para inserção dos dados coletados e realização das análises.
Também é importante que aquele que irá utilizar o equipamento tenha conhecimento agronômico para poder interpretar as informações, além de familiaridade com o uso do computador.
É viável aplicar a agricultura de precisão em pequenas propriedades?

Mais do que viável, podemos dizer que a agricultura de precisão se mostra uma necessidade mesmo para pequenas propriedades.
Vale lembrar que esse é um sistema que permite a análise do solo para a aplicação de soluções diferenciadas em cada área da propriedade.
Assim, uma lavoura com três hectares, por exemplo, pode ser formada por classes distintas de solo.
Isso significa encontrar lotes com pH, tipos de solos e nutrientes diferenciados.
Ao utilizar a agricultura de precisão, um pequeno produtor pode melhorar a distribuição de insumos, colocando a quantidade correta de materiais orgânicos em uma área de plantio para corrigir o solo e aumentar a sua produtividade.
A AP também pode ajudá-lo a escolher a melhor espécie de planta para cultivar ou aplicar em sua adubação.
São informações que qualificam a tomada de decisão na lavoura, uma vantagem para propriedades de qualquer porte.
Conclusão
Como vimos neste artigo, a agricultura de precisão permite um melhor controle e monitoramento da produtividade, além de qualificar o gerenciamento da produção.
São benefícios não restritos a grandes produtores e que podem ser alcançados com pouco investimento inicial.
Com o uso da tecnologia e equipamentos de ponta, a AP tem crescido no Brasil e permitido a abertura de novas empresas e startups focadas no segmento.
O cenário mundial é otimista e o mercado está em crescente expansão.
Se você tem interesse por essa área ou mesmo experiência no assunto, deixe sua contribuição nos comentários.
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