Os defensivos agrícolas são um tipo de assunto difícil de ignorar.
Eles estão presentes nas manchetes dos jornais e até têm gerado certa polêmica sempre que mencionados.
Você, com toda certeza, já ouviu falar sobre eles.
Mas sabe, de verdade, o que são os defensivos agrícolas?
Recentemente, eles viraram pauta com a liberação de mais 169 novos registros de agrotóxicos aprovados pelo Ministério da Agricultura.
São demonizados por alguns e enaltecidos por outros.
Entretanto, a verdade é que você precisa conhecer a fundo o assunto para ter qualquer posicionamento mais definitivo.
Para não ficar perdido nas conversas ou tomar como verdade a opinião de alguém sem entender a matéria de fato, o ideal é ir em busca de informação.
Se esse é o seu objetivo, este artigo é muito útil para você.
Entenda o que são defensivos agrícolas, seus tipos, como usar e o que diz a legislação vigente no país a seu respeito.
Interessado nesse conhecimento? Então, boa leitura!
O que são defensivos agrícolas?
O primeiro passo para começar a se inteirar sobre o tema é entender o conceito. Afinal, o que são defensivos agrícolas?
Também conhecidos como agrotóxicos, eles são produtos de diferentes naturezas (químicos, orgânicos e biológicos), que têm como principal objetivo proteger as culturas agrícolas.
Por isso, o nome “defensivos”, pois há uma defesa das lavouras contra as chamadas pragas ou pestes, seres vivos que prejudicam o desenvolvimento saudável das plantações.
Agora que você já sabe a definição de defensivos agrícolas, podemos avançar no tópico.
Para que servem os defensivos agrícolas?

Ainda que preservar os cultivos seja a principal missão dos agrotóxicos, ela não é a única. Eles podem ser utilizados também para outros fins.
Outro benefício no uso de defensivos agrícolas se refere à economia de tempo e dinheiro no controle da produção.
Por exemplo, a capinagem de um terreno, seja com exclusiva ação humana ou ajuda animal, levaria semanas para ser concluída, dependendo do número de hectares.
Agora, por meio dos defensivos agrícolas, as ervas daninhas seriam exterminadas em questão de minutos, economizando maquinário e mão de obra.
Isso impacta diretamente na produtividade e lucratividade do produtor rural, otimizando o tempo de manejo em uma lavoura.
O uso de defensivos agrícolas no Brasil
Você não ouve falar bastante sobre defensivos agrícolas no Brasil à toa. Afinal, somos o país que mais consome agrotóxicos no mundo.
É verdade que esses números não são absolutos e algumas variáveis precisam ser levadas em conta na hora de colocar tudo na ponta do lápis.
O relatório mais completo que possuímos é realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em parceria com a consultoria Phillips McDougall.
A pesquisa usa dados de 2013 e relaciona o valor investido em defensivos pelos maiores consumidores globais. A partir daí, chega a três conclusões distintas.
Quando avaliados os números absolutos, o Brasil é, de fato, o país que mais gastou em agrotóxicos durante o período, com um montante de cerca de 10 bilhões de dólares.
Muito à frente, por exemplo, do segundo lugar, os Estados Unidos, que investiram aproximadamente US$ 7,5 bilhões no mesmo período.
No entanto, essa realidade muda quando a análise recai sobre a proporção entre o que é gasto e a quantidade de área cultivada. Em outras palavras, o quanto é investido em defensivos por hectare plantado.
Nesse cenário, nosso país cai para a sétima posição, com valores próximos aos 137 dólares por 10.000m² de plantação. Aqui, os orientais Japão e Coreia do Sul assumem a dianteira.
Já o último contexto leva em conta o quanto o valor gasto com defensivos se reverte em alimentos produzidos.
Mais uma vez, o Brasil cai no ranking e passa ocupar a 13ª posição, com 9 dólares por tonelada. A liderança segue sendo dos japoneses, com um valor 10 vezes maior que o nacional.
Alguns fatores ajudam a explicar um desempenho diferente dois últimos rankings.
E eles indicam uma tendência ainda maior de investimento em agrotóxicos para os próximos anos.
Ao contrário de boa parte dos países pesquisados, o Brasil possui condições propícias para o desenvolvimento de pragas, como as temperaturas altas e invernos pouco rigorosos.
Isso acaba aumentando o índice de desperdício, ainda que o país seja o maior consumidor de defensivos em números absolutos.
Ou seja, mais agrotóxicos precisam ser aplicados para se alcançar o resultado desejado.
Por que os defensivos agrícolas são necessários?

Imagine, então, se o país não investisse um real sequer em defensivos agrícolas. Como seria a nossa produtividade?
Segundo levantamento feito pela European Crop Protection Association (ECPA), cerca de 40% da produção global de alimentos é desperdiçada em função de pragas.
Caso os agrotóxicos fossem proibidos, esses números poderiam mais do que dobrar, chegando próximo aos 85%.
A grande questão é fazer o uso correto dos produtos, seguindo as recomendações previstas e indicadas pelos principais órgãos reguladores, tanto nacionais quanto internacionais.
Pragas que ameaçam as lavouras
Sabemos que o principal objetivo dos defensivos agrícolas é proteger as plantações de pragas.
Mas afinal, que pragas são essas e quais são os tipos de agrotóxicos ideais para o combate de cada uma delas?
Antes de enumerá-las, vale ressaltar que nem todas elas, necessariamente, são uma ameaça real à sua lavoura. Isso porque dependem de condições específicas para se desenvolver.
Ainda assim, todo o cuidado é pouco.
Vamos ver agora quais são as principais pragas.
Fungos
Existem mais de 100 mil espécies de fungos que podem causar danos a uma plantação.
Caso essa praga atinja as lavouras, o fungicida é o defensivo ideal para ser usado.
Insetos
Ao todo, mais de 10 mil tipos de insetos podem atacar uma produção e colocar tudo a perder.
Para acabar com esses pequenos animaizinhos, são empregados os chamados inseticidas, que são parecidos com o produto que você usa em sua casa contra os mosquitos.
Plantas daninhas
Silenciosas, essas plantinhas podem tomar conta da sua plantação rapidamente.
Existem mais de 30 mil espécies desses vegetais, e o herbicida é a arma mais eficaz contra eles.
Nematóides
Em termos de variedades de espécies, os nematóides são os mais modestos, com pouco mais de 4 mil tipos.
Mas não se engane, pois eles são igualmente perigosos.
Nesses casos, é empregado o nematicida para combatê-los.
Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas

Embora os agrotóxicos se mostrem úteis para o agronegócio, é inegável que, em menor ou maior grau, eles causam prejuízos para a saúde e o meio ambiente de forma geral.
Por isso, pensar em alternativas que visem diminuir o uso de defensivos agrícolas, sem afetar a produtividade, é uma solução fundamental para o futuro.
Uma saída inteligente é implementar, cada vez mais, novas tecnologias na administração de suas plantações. O chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem mostrado resultados bem interessantes nesse sentido.
Segundo levantamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o MIP reduz em até 50% o uso desnecessário de defensivos.
Isso acontece, entre outros fatores, porque existe um estágio muito importante do manejo, que se chama monitoramento.
É durante essa etapa que acontece a verificação do estágio que a praga atingiu.
Caso, por exemplo, ela não tenha chegado à “ação de controle” (momento propício para aplicar o defensivo), evita-se desperdiçar o produto e, consequentemente, prejudicar a nossa saúde.
Mas o que isso tem a ver com tecnologia? Calma, a gente já vai chegar lá.
O meio mais eficaz de fazer o monitoramento se dá através de aplicativos.
Além de ser mais seguro e bem mais prático, eles oferecem também facilidades exclusivas.
Alguns apps possuem o serviço de georreferenciamento, que orienta geograficamente quais os pontos de amostragem já foram colhidos e qual é o estágio em que se encontra cada ponto da sua plantação.
Dessa forma, se torna possível fazer as aplicações de defensivos agrícolas de uma forma assertiva e com melhores resultados.
Dicas para a aplicação de defensivos
Com vimos, a tecnologia é a maneira mais eficaz de se aumentar a efetividade e diminuir o desperdício na aplicação dos defensivos.
Mas existem outros cuidados simples que também podem ajudar o produtor rural na hora de aplicar os agrotóxicos.
Confira as dicas que separamos:
Conheça muito bem o pesticida que está usando
Existem diversos sites confiáveis para pesquisar a procedência do produto antes de usá-lo na lavoura.
O Agrofit, por exemplo, é a plataforma nacional de consulta de defensivos agrícolas.
Por meio dela, é possível verificar se o agrotóxico está na lista aceita no Brasil e também quais são os ingredientes usados nele.
Pesquise sobre a doença em questão
Outra boa dica para aplicar de maneira consciente o defensivo é verificar sobre as possíveis doenças que afetam a plantação.
Na página da Agrofit, é possível digitar os dados da praga e encontrar um provável diagnóstico com uma descrição completa do quadro.
Assim, fica mais fácil escolher qual é o agrotóxico ideal para o problema com o qual o produtor está lidando.
Mantenha a manutenção do seu pulverizador em dia
Seja qual for o modelo de pulverizador que o produtor utilize para a aplicação de pesticidas, é ideal ficar de olho na sua manutenção, bem como na sua regulagem.
É necessário verificar, por exemplo, se os bicos não estão entupidos ou se a calibragem está correta.
Cuidados como esses são fundamentais para que a dose adequada seja empregada.
Use e abuse dos adjuvantes
Para quem não está familiarizado com o termo técnico, adjuvantes é o nome dado a qualquer composto colocado no pulverizador para que facilite a aplicação dos agrotóxicos.
Eles podem oferecer os mais variados benefícios na hora de usar os defensivos.
Entre os principais, está a distribuição mais homogênea do produto na praga em questão.
Uma boa maneira de aproveitar ao máximo o que os adjuvantes têm a oferecer é, sem dúvidas, ler a bula do pesticida.
Normalmente, ela informa qual é o melhor composto a ser usado e o porquê.
Não se esqueça de manter os equipamentos limpos
Parece recado de mãe, mas a higiene é fundamental para manter a efetividade dos defensivos agrícolas.
Um pulverizador mal limpo pode conter resquícios de outros agrotóxicos e prejudicar o combate às pragas.
Existem, inclusive, produtos específicos para realizar a higiene dos seus equipamentos.
Embora sejam um pouco caros, esse é o tipo de investimento que não se pode abrir mão.
Por maior que seja o preço, ainda vai sair mais barato do que uma produção toda desperdiçada por falta de cuidados adequados.
Invista em tecnologia
Essa última dica, na verdade, é apenas um reforço.
Na agricultura, assim como em qualquer outro segmento, a tecnologia chegou para ficar.
São diversas inovações que têm como objetivo facilitar as rotinas produtivas e diminuir o erro humano.
Por isso, vale a pena o produtor rural investir em softwares de gestão agrícola e, sobretudo, no manejo integrado de pragas.
Cabe lembrar que a melhor maneira de combater problemas é conhecendo-os a fundo.
Os tipos de defensivos agrícolas

Os defensivos agrícolas podem ser divididos em diferentes tipos, conforme for o critério utilizado.
Por exemplo, se usarmos o critério das pragas, já mencionado aqui, eles podem ser definidos como:
- Inseticida
- Fungicida
- Herbicida
- Nematicida.
Agora, se você utilizar a classificação toxicológica como parâmetro, as definições vão ser as seguintes:
- Classe 1: Extremamente tóxico
- Classe 2: Altamente tóxico
- Classe 3: Medianamente tóxico
- Classe 4: Levemente tóxico.
Um critério parecido pode ser usado para classificar os perigos do defensivo em relação ao meio ambiente:
- Classe 1: Altamente danoso ao meio ambiente
- Classe 2: Muito danoso ao meio ambiente
- Classe 3: Danoso ao meio ambiente
- Classe 4: Pouco danoso ao meio ambiente.
Vale ressaltar que os dois critérios anteriores foram atribuídos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, os defensivos agrícolas podem ser classificados conforme o seu mecanismo de ação na praga em questão.
Por exemplo, alguns tipos atuam no sistema nervoso e muscular do inseto, impedindo o seu crescimento e a sua disseminação.
Também existem pesticidas que atacam o intestino da praga, dificultando a colocação de ovos.
Como funciona a lei dos defensivos agrícolas
No Brasil, a lei dos defensivos agrícolas tem causado polêmica, especialmente, de um ano para cá.
Basicamente, todas as questões relacionadas ao uso de pesticidas (fiscalização e liberação) estão presentes no texto da Lei nº 7.802, de 1989.
No entanto, o projeto de lei 6.299/2002 tem, aos poucos, tentado mudar algumas diretrizes do texto da legislação original.
Veja algumas das propostas que ele traz – lembrando que o instrumento tramita na Câmara dos Deputados:
- A desburocratização no processo de avaliação e aprovação dos defensivos agrícolas. Atualmente, órgãos como a Anvisa e o Ministério da Saúde precisam dar o aval para que qualquer produto seja aprovado. A proposta é que isso fique a cargo somente do Ministério da Agricultura
- Proibir o uso do termo agrotóxico, considerado pejorativo, e substituir por defensivos agrícolas ou produtos fitossanitários.
Pós-graduação em Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas
Toda a informação é válida na busca por conhecimento.
No entanto, temas mais específicos e complexos, como agrotóxicos, por exemplo, você só vai conseguir dominar se for atrás da capacitação necessária.
Até porque essa é a melhor maneira de colocar em prática o que aprendeu.
A UPIS – Faculdades Integradas tem a pós-graduação ideal para você, formado em Agronomia, Engenharia Florestal ou áreas afins, que deseja se especializar no manejo de lavouras.
Estamos falando do curso de Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas.
Com 360 horas de duração e uma grade curricular completa, essa formação traz o que há de mais moderno em utilização de agrotóxicos.
Dessa forma, você encontra soluções para aumentar a sua produtividade, diminuindo gastos e reduzindo também os impactos ao meio ambiente.
Tudo isso graças à implementação de um programa de agricultura de precisão e ao advento de novas tecnologias no manejo das plantações.
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Conclusão
Os defensivos agrícolas não são, necessariamente, os vilões sem razão de existir, como aparecem no noticiário e mesmo no entendimento popular, muitas vezes.
É claro que o seu mau uso pode trazer prejuízos ao meio ambiente e à saúde da população.
Porém, se aplicados de forma consciente e em conjunto com outras tecnologias de Manejo Integrado de Pragas, os riscos diminuem bastante
O segredo é se guiar um pouco nas dicas de aplicação que trouxemos neste artigo e conhecer a fundo os agrotóxicos que pretende usar.
Escolher o tipo que mais se adequa à praga que deseja combater é outra boa prática.
Além disso, é necessário se certificar de lançar mão da dosagem recomendada e prevista no rótulo da embalagem do produto.
Ainda, sempre que possível, é indicado dar preferência aos defensivos de classe IV. Eles são os menos tóxicos tanto para nós quanto para o meio ambiente.
E, é claro, a escolha deve se limitar a produtos aprovados pelos órgãos reguladores que seguem rigorosos padrões de controle, tais como Anvisa, Ibama e Ministério da Saúde, por exemplo.
Tomando certos cuidados, os defensivos agrícolas podem ser muito úteis para o manejo da produção rural.
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